30 novembro 2005

DOS BENEFÍCIOS DE UM VENDIDO NO REINO DOS BONIFÁCIOS (1)

É o título de um disco de um antepassado da Banda do Casaco, uma protobanda por assim dizer, que foi editado, salvo erro, em 1974 ou 1975. A esta distância, já se pode reconhecer que o melhor que o disco contém é, porventura, a imaginação demonstrada pelo seu teu título.

Quando Sir Robert Walpole, o primeiro primeiro-ministro de Inglaterra e um homem que sabia do que falava, já que esteve em funções durante 21 anos consecutivos (1721-42), falava acerca de vendidos, produziu uma frase famosa, a propósito dos seus adversários políticos: todos estes homens têm o seu preço.

Ele sabia aqueles preços, de certeza, porque em alternância política, 21 anos seguidos não se conseguem assim do pé para a mão, sem truques, à excepção claro, da Madeira, que é resultado, obviamente, do mérito da governação do Alberto João Jardim.

O que nos baralha é quando os vendidos se vendem sem que encontremos quaisquer vantagens materiais no acto. Medeiros Ferreira lembrou-se de vir para a blogosfera publicar postes ferozes de critica às candidaturas que concorrem com as de Mário Soares.

Vai tudo a direito. Não escapam os candidatos, não escapam os discordantes – o mais recente foi Vicente Jorge Silva –, as críticas parecem-se cada vez mais com as de um adepto benfiquista, daqueles ferrenhos, mas nem sequer dos do saudoso 3º anel que também gostavam de dar opinião sobre as (más) formações da equipa – onde nem o Erikssson escapava.

É que depois, os resultados consecutivos das sondagens fazem os postes de Medeiros Ferreira parecerem-se cada vez mais com os comunicados do ministério da informação iraquiano em plena guerra do Iraque – da proclamação de vitória em vitória até à efectiva derrota final.

O essencial de qualquer análise política elementar está aí à vista de todos: ainda pode haver dúvidas que haja uma maioria de portugueses que queira Cavaco como presidente; mas não as há que existe uma esmagadora maioria deles que não quer que Soares para lá regresse.

Só numa situação limite duma segunda volta (onde nem sequer há a garantia de passar – poderá ser Alegre) existirá a hipótese de Soares bater Cavaco, não por Soares ser Soares, mas por Soares ser o outro que não o Cavaco. Para um ex-presidente, que deve ter provas dadas, parece-me pouco, confrangedoramente pouco. A mensagem está passada, os debates são flores e não me parece que alguém pretenda bater em Soares desta vez.

É compreensível que, para Medeiros Ferreira, o episódio Soares seja mais um zigue de uma carreira política que já teve vários deles e outros tantos zagues, embora suspeite que não venha a ter mais nada depois de Janeiro, ao estar a demonstrar um tal extremismo fundamentalista.

Como diria o Diácono Remédios: Não havia necessidade…

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.